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    Denise Assis

    Jornalista e mestra em Comunicação pela UFJF. Trabalhou nos principais veículos, tais como: O Globo; Jornal do Brasil; Veja; Isto É e o Dia. Ex-assessora da presidência do BNDES, pesquisadora da Comissão Nacional da Verdade e CEV-Rio, autora de "Propaganda e cinema a serviço do golpe - 1962/1964" , "Imaculada" e "Claudio Guerra: Matar e Queimar".

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    O escândalo que se espraia para as Forças Armadas reabre a ferida entre militares e a sociedade

    A jornalista Denise Assis alerta para uma 'aproximação sucessiva das Forças Armadas com o que há de espúrio e degradante'

    Jean Lawand Junior (Foto: Exército Brasileiro)

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    O brio das Forças Armadas é de latão!!!! E não precisamos de “avaliador” para descobrir isto. O fato nos foi esfregado na cara, como uma esponja encharcada de kaol, (o produto usado para dar lustro nesse tipo de peça). O que essa corja de muambeiros fez ao passar pelo poder foi reabrir a ferida, os ressentimentos e o fosso que nos separava historicamente de tudo de pavoroso que nos legou 1964.

    “Os fatos negativos sobre as Forças Armadas se acumularam nos últimos dias, de uma forma sem precedentes, onde não há nem mesmo a possibilidade de negar o que está acontecendo. O governo Bolsonaro representa para as FAs a abertura de uma chaga, de uma fenda profunda entre a Nação e a imagem que ela tem dos militares. Na verdade, tudo o que aconteceu entre 1961 e 1964 e depois, com a repressão, a falta de liberdade...

    O que aconteceu tinha passado para o nível da História, para a análise das Ciências Sociais, da Ciência Política. Era um assunto já pacificado. Bolsonaro, com o seu negacionismo histórico e com os seus ajudantes em volta, como os generais Augusto Heleno, Ramos e Braga Neto, trouxe de volta todo um debate sobre o que foi, na verdade, 1964.

    Essa divisão da sociedade que estava a ponto de se fechar, foi uma ferida que reabriu. E agora, com elementos que não tem nem mesmo a possibilidade de falarem que é um projeto político de interesse mesmo deturpado e parcial, da sociedade brasileira. O que nós vemos é um jogo de interesse que lembra uma máfia, envolvendo altos oficiais do Exército. Isto tem causado uma perplexidade, um choque, não só na sociedade brasileira, mas entre os próprios militares.”

    O jorro de indignação é do professor, historiador especialista na questão militar e ex-professor da ECEME, Francisco Carlos Teixeira. Não ousei interromper. Deixei que extravasasse todo o seu estupor, pois em sua fala o professor traduz o impacto que os últimos acontecimentos causaram em todos nós.

    E Chico lembra que "os militares tinham fechado o cerco em defesa de Mauro Cid, vindo a público dizer que ele era um excelente oficial, um excelente aluno, com critérios morais elevados. O que nós vemos agora, com o envolvimento do general Lourena Cid, numa atitude Brancaleone, de ter uma foto de um estojo de joias com o seu rosto refletido nele é". É como fornecer um atestado de envolvimento em algo profundamente ilegal. Qualquer argumento em defesa de Mauro Cid, Lorena Cid, sargentos, tenentes, oficiais, ruiu”, conclui Chico Teixeira.

    E se posso acrescentar, professor. A fusão do estojo roubado – é disso que se trata: de roubo, desvio da coisa pública, desvio de bem público de alto valor -, é a imagem perfeita da “aproximação sucessiva” das Forças Armadas com o que há de espúrio e degradante. A fusão de sua face com a ralé política que eles ajudaram a levar ao poder. Com ela se misturaram e agora veem ruir o seu “projeto”. Não há nota oficial que os distancie desse escândalo.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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